Uma vez chegados ao farol mais emblemático de Cascais, aguardava-os Ana,
a monitora museológica.
- Sejam bem-vindos ao Farol-Museu de Santa Marta! - Disse Ana, que os
recebera na antiga bateria inferior.
Muito ordeiramente, par a par, lá foram em fila indiana conhecer o
primeiro núcleo museológico, dedicado aos faróis portugueses. Num misto de
tecnologia e História, Ana, lá ia explicando, perante as bocas abertas dos
gaiatos, o que eram as lentes de Fresnel. Mereceu especial destaque, o painel
do aparelho óptico central que estivera no Farol das Berlengas, com os seus
3,70m de altura. Quando Ana se colocou por trás da gigantesca lente, e os
petizes viram a imagem da monitora aumentada, foi grande a gargalhada geral. Talvez
tivesse sido esse o momento mais marcante, recordara mais tarde Salvador.
Seguidamente, passaram ao segundo núcleo museológico, dedicado à
passagem de Santa Marta, através dos tempos, de forte a farol, até museu,
mais recentemente.
Salvador bebia com muita atenção tudo o que Ana dizia sobre o antigo
ofício de faroleiro: os instrumentos que se usara, o registo minucioso no seu
diário das ocorrências, quer em dias de nevoeiro, como em noites iluminadas
pelo brilho das estrelas.
Então, já sabem para que servem os faróis? - Perguntara-lhes Ana,
despertando-lhes o interesse. - Quem acende e desliga a luz do farol?
Sabem, os núcleos museológicos eram antigamente,
as casas das famílias de faroleiros que por cá viviam.
Finalmente, subiram à bateria superior e daí puderam ver desenhado entre
o mar e a marina, o farol mais bonito de Cascais.
- Tão alto! - Dizia Salvador, tentando avistar a lanterna vermelha do
farol.
- Pois é Salvador, é alto, são quase vinte Salvadores empoleirados uns
nos outros… dizia Ana, e prosseguia conduzindo o grupo que se precipitava para
a porta do farol. E continuava: - Querem subir lá acima? Tenho tanto ainda para
vos contar… mas agora, vamos subir, devagar e com cuidado, por favor… venham!
A vista lá em cima era tão deslumbrante, tão deslumbrante, que Salvador,
já não via somente o que via… no varandim vermelho do farol, olhava no
horizonte, onde o azul do mar se encontra e se confunde com o azul do céu, a linha
arredondada da terra e sonhava… mas Ana, tal como a professora Elisabete,
tantas vezes fizera na sala de aula, colhera-lhe os pensamentos e fazia-o
regressar…
- Salvador, vem, desce, vamos agora escutar uma história, queres?
(continua)
Julho, 2014.
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